Terra deu, terra come

O documentário Terra Deu Terra Come (1h29m) de Rodrigo Siqueira, lançado em 2010, mostra que memória e ficção se misturam na história de Pedro de Almeida, um afrodescendente de 81 anos no momento das filmagens, que vive dentro do quilombo Quartel de Indaiá em Minas Gerais.

 

Pedro de Almeida comanda, como mestre de cerimônias, o velório, o cortejo e o enterro de João Batista, morto aos 120 anos. Ele canta ao longo de toda a cerimônia os vissungos, cantigas em dialeto benguela entoadas nos rituais fúnebres da região, comuns nos séculos XVIII e XIX, herança africana em terra brasilis.

 

Ao documentar Pedro, sua imagem e registro espontâneo nos instigam, nos provocam: não sabemos o que é fato ou o que é representação, o que é verdade ou o que é conto, o que é documentário ou o que é ficção, o que é cinema ou o que é vida, o que é africano, brasileiro ou mineiro.

 

Ao assistirmos Pedro de Almeida, encontramos Zeca Chapéu Grande, personagem de Torto Arado, de Itamar Vieira Júnior, em todo o seu esplendor metafísico, nos localizamos neste Brasil profundo exaltado e divulgado por Itamar.

 

Caso você ainda não tenha lido esta obra magnífica de Itamar, aqui está a resenha para que possa saber um pouco mais sobre o que o livro provocou nos leitores do Veredas e entender porque Pedro de Almeida de Terra Deu Terra Come e Zeca Chapéu Grande de Torto Arado dão-se as mãos e nos fazem conhecer mais uma face deste imenso país.

 

Terra Deu Terra Come – 2010
Direção: Rodrigo Siqueira
Documentário: 1h29m

 

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